Prefiro cerveja a uísque. Vinho tinto a vinho branco. Guaraná a coca-cola. Água sem gás a água gaseificada. Prefiro cigarros a charutos. Bares a boates. A noite ao dia. O alvorecer ao entardecer. Prefiro o horário de verão ao convencional. Acordar tarde a acordar cedo. O verão ao inverno. A primavera ao outono.
Prefiro Chico Buarque a Caetano Veloso. Titãs a Capital inicial. Cazuza a Renato Russo. Prefiro jornais standard a tablóides. Playboy a Super Interessante. Qualquer revista a Veja.
Prefiro os morenos aos loiros. Os bem humorados aos gostosões. Os extrovertidos aos tímidos. Os transgressores aos comportados. Prefiro a Brad Pitt a Richard Gere. George Clooney a todos os demais.
Prefiro metrópoles a cidadezinhas. A cidade ao campo. Rio de Janeiro a São Paulo. Uma praia ä serra. Prefiro sul ao norte.
Prefiro uma partida de tênis a um jogo de futebol. Um jogo de cartas a sinuca. Pife a canastra. O pôquer ao truco. Prefiro filmes épicos a filmes de super-heróis. A comédia ao terror.
Prefiro camisas a camisetas. Calças a bermudas. Sapatos a sapatilhas. Prefiro jantares a almoços. Happy hours a brunches. Carne mal passada a ao ponto. Carne gorda a carne magra. Prefiro arroz a macarrão. Molho madeira a molho branco. Doces a salgados. Sorvete de chocolate ao de morango.
Prefiro rádio a televisão. Computador a maquina de escrever. Celular ao telefone convencional. Prefiro vermelho ao azul. O preto ao branco. O colorido ao preto e branco, ou vice-versa.
Prefiro o ócio ao trabalho. Uma festa a um bom sono. A boemia a caretice. Uma boa briga a um mau acordo. As revoluções as reformas.
Tantas dicotomias, tantas preferências! É o que nos torna humanos, demasiado humanos, complexos humanos. “O complexo é complexo porque é síntese de múltiplas determinações”, constatou um filósofo prussiano. Assim somos nós: uma síntese de múltiplas determinações. Somos o que preferimos. E só desvelamos as minúcias do nosso íntimo, só nos desnudamos por inteiro, ao resolvermos as dicotomias que a vida impõe. Ao produzirmos sínteses. Ao definirmos o que preferimos ser.
Adaptação de Despido, de Jorge Maurício Porto Klanovicz, por Allana Willers
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